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Como parar o tempo

Sabia que é possível parar o tempo?

Claro, não da forma como você imagina. As pessoas não vão parar como estátuas, os relógios não vão cessar o seu funcionamento, a chuva vai continuar a cair e o vento ainda arrancará folhas dos galhos das árvores.

Os seus afazeres ainda estarão lá, por fazer. Alguém tem que pagar as contas, dar comida para o cão ou buscar os filhos na escola, afinal.

Existem diversas teorias sobre o tempo. Alguns defendem que, mesmo se nada existisse, o tempo ainda iria correr, independentemente de haver ali uma pessoa ou ser para senti-lo passar, ou para contar os segundos. Outra corrente afirma que o tempo é mudança, e sem mudança ou algo que possa mudar ou perceber a mudança, o tempo não existe.

Os gregos antigos dividiam o tempo em dois tipos: cronológico e kairótico. O primeiro diz respeito ao tempo sequencial, que pode ser cronometrado, como mostram os nossos relógios atuais. O segundo é o tempo oportuno – um tempo que não se mensura, mas se sente. O Kairós é um tempo qualitativo, como quando temos a sensação de que as horas correm depressa ao estarmos em boa companhia, nos divertindo, ou quando os segundos parecem preguiçosos e lentos quando fazemos algo entediante ou que não gostamos.

São inúmeros os estudos acerca desse tema, seja nos termos estritos da física, seja sobre como percebemos e vivenciamos o tempo. Obviamente, se partirmos do pressuposto de que o tempo cronológico passa independentemente de qualquer coisa, não podemos pará-lo. Mas a boa notícia é que há uma brecha: a nossa mente.

Graças à evolução e à forma como nos desenvolvemos, temos uma noção de passado e futuro muito bem estabelecida. Até demais. Somos capazes de lembrar de momentos embaraçosos que vivemos anteriormente, ou de situações das quais nos arrependemos amargamente, a ponto de ruminar sobre isso vezes sem conta; e também somos capazes de imaginar como seremos daqui a alguns anos se não cumprirmos um determinado objetivo, ou como pode ser desastrosa aquela apresentação de um trabalho na frente de várias pessoas. Isso pode nos levar a um estado emocional bastante angustiante, mesmo que nenhum desses acontecimentos estejam ocorrendo agora.

Só é possível sentirmo-nos sobrecarregados pela passagem do tempo porque temos a capacidade de imaginar outros momentos que não o agora. Essa capacidade é extraordinária por si só – nos leva à saudade, à nostalgia, à possibilidade de construir um sonho, e às mais diversas complexidades humanas, mas há também o outro lado da moeda. Esse outro lado é quando nos perdermos no borrão temporal criado pela nossa mente, confundindo o agora com o ontem e o amanhã. Não conseguimos nos distanciar de forma saudável dessas memórias (que, por sinal, nunca são exatas, e estão sempre atravessadas pelo nosso estado emocional e pela forma como interpretamos as coisas) e dessas projeções do futuro. Tudo parece uma coisa só, e essas imagens despertam em nós sentimentos reais, bons ou maus.

Mas imagine que, no meio desse borrão, há um pontinho muito nítido, e que se destaca de toda a confusão. Esse pontinho é o aqui e agora. É tudo o que nós temos de concreto. É o botão de parar o tempo.

Sim, parece difícil, e é. Ainda mais quando a cultura na qual estamos inseridos nos empurra cada vez mais para a pressa e para o excesso de informações. Pode ser que, apertando esse botão, você só consiga parar o tempo por um minuto, ou até menos. Porém, mesmo que tenha sido apenas por um segundo, já é melhor do que nada. Isso porque aprender a parar o tempo é um exercício contínuo, e pode variar a depender do dia. Nem sempre vamos conseguir, mas podemos sempre tentar lembrar que essa opção existe.

E o que significa parar o tempo? O que significa o aqui e o agora?

Não significa um estado de ausência de pensamentos, mas de atenção. Nós temos pensamentos sobre o passado e o futuro, isso é inevitável. Estar no aqui e agora é observar esses pensamentos, sem necessariamente mergulhar dentro deles. É ancorar na corrente de água que é a sua mente, e tentar visualizá-la sob a perspectiva da âncora, e não do fluxo. É contemplar a sua experiência atual, aceitando o fato de que ela pode ser desconfortável. Existem algumas técnicas que ajudam nesse contato com o presente, como meditação, práticas de mindfulness (ou atenção plena) e escrita expressiva. Além disso, cada um pode desenvolver a sua própria maneira de entrar em contato com o aqui e agora, construindo técnicas pessoais com base na própria experiência.

Como já mencionado, aprender a parar o tempo é uma tarefa contínua, com altos e baixos, e podem existir diversos motivos para que essa ação seja especialmente exigente para você. Às vezes, para tornar essa habilidade mais fácil, precisamos trabalhar questões internas que estão deixando o borrão mental ainda mais turvo, o que dificulta a conexão com o aqui e agora. Uma das formas de trabalhar essas questões é a psicoterapia, pois ela irá auxiliar na compreensão dos nossos padrões de funcionamento e no entendimento do papel que as nossas emoções e comportamentos exercem na nossa vida.

Extra: se tem interesse nesse assunto e lê em inglês, recomendo esse texto do Steven Hayes – https://stevenchayes.com/why-meditation-doesnt-work-for-you/

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